segunda-feira, 30 de junho de 2008

ATRIBULAÇÕES DE UM CHINÊS FORA DA CHINA

João César das Neves
professor universitário

Honorável primo Chu Agradeço a carta e as notícias. Espero que tudo continue bem aí em Beijing. Como passa a tia Ma? Por cá as coisas andam prósperas. Com os estrangeiros daqui em crise, é bom para a nossa loja e restaurantes.
Quanto às perguntas que me faz acerca dos ocidentais, tem toda a razão em estar preocupado com os Jogos Olímpicos que se aproximam. Tenha muito cuidado, porque os narizes compridos só dizem mentiras. Falam muito em liberdade e querem ensinar a todos o que ela é, mas só conhecem as liberdades que não interessam. Faltam-lhes as realmente importantes.
Andam muito orgulhosos por poderem escolher os chefes e dizer mal deles. Como acham que nós não dizemos, consideram-nos oprimidos. Mas não têm liberdade para vender, comer, guiar, despejar lixo e mil outras coisas. É proibido fumar cigarros, cortar árvores, fazer barulho. Vendem só a certas horas e em certos sítios. Não se pode trabalhar à noite ou quando se é velho. Nem imagina o que eles exigem para se andar de carro (por exemplo, um colete verde!!). Proíbem muitas comidas, das nossas ou mesmo das que eles sempre comeram. Ficam fulos se não dividimos o lixo. Até querem controlar a maneira como se escreve. Tudo tem regras, imposições, limites. Sobretudo papéis. Muitos papéis. Chamam a isto progresso e liberdade.
O Fu diz que a vida na terra dos narizes grandes é como a que tínhamos no tempo do Camarada Mao. Eu achava exagero (sabe como é o primo Fu...) mas um dia vi que tinha razão. Vieram ao restaurante alguns guardas vermelhos armados. Diziam ser fiscais da economia, mas senti aquele mesmo medo da revolução cultural. Viram tudo, inventaram multas por nada, ralharam e levaram preso o tio Deng.
Como no tempo do Camarada Mao, os ocidentais passam horas em doutrinação política. Aqui é em frente à televisão. Um deles disse- -me que era muito diferente da China, porque não é doutrina, mas notícias e debates (exactamente como lhe chamavam os comissários do povo), e porque se pode escolher aquilo que se ouve. Ao princípio acreditei, mas depois vi que não há escolha. Todos dizem o mesmo. E querem eles ensinar-nos liberdade!
Como vai ter narizes grandes em Beijing, precisa conhecê-los. Diz-se que só pensam em dinheiro, mas isso também nós. A diferença é que, além da tal liberdade, eles adoram três coisas: papéis, saúde e sexo. Quando aos papéis, já lhe expliquei: há papéis para tudo. Não sei se foi boa ideia termos-lhe dado essa nossa invenção. Depois andam sempre aterrorizados com a saúde. Gastam imenso dinheiro em médicos e remédios, mesmo quando não estão doentes. Para eles tudo -comida, sexo, trânsito, desporto- é um problema de saúde. Andam loucos com o corpinho. Depois morrem como toda a gente.
Quando não é papéis ou médicos, é sexo. A coisa que mais os cega é sexo. Aqui as mulheres deles andam quase nuas na rua (cuidado com as primas!!). Cega-os porque não o entendem. O sexo deles não é para ter filhos, mas para vender sabonetes. Não é para ter família e ser feliz, mas para trair, zangar, ter sarilhos. Chamam-lhe liberdade, claro!
Liberdade! Nem fazem ideia o que seja! Também não sabem o que é honra, respeito, dignidade. Escolhem os chefes (embora, como aí, os que mandam sejam sempre os mesmos), mas logo a seguir começam a dizer mal deles. Só querem a liberdade de criticar porque odeiam os chefes. Odeiam muito mais que nós. Nunca vi um povo odiar tanto. Quem diz pior do Ocidente são os jornais ocidentais (se ler o que dizem da China, farta-se de rir porque eles não sabem nada).
Descobri um truque que lhe pode ser muito útil: nas discussões com eles é fácil pô-los a gritar entre si. Quando criticarem a política do filho único, diga-lhes que têm menos os filhos que nós. Se acusarem a pena de morte, acuse a eutanásia e o aborto. Se falarem no Tibete pergunte-lhes pelo Iraque. É que eles além dos chefes, odeiam o sistema (dizem sempre que está "podre"), odeiam a vida, odeiam-se a si mesmos. Este povo adora dizer mal de si próprio. Chamam-lhe liberdade.

Saudades do primo Guo.

domingo, 29 de junho de 2008

domingo, 22 de junho de 2008

Tebe Poem



TEBE POEM de DMYTRO BORTNIANSKY (1751-1825)interpretado pelos alunos que frequentaram o Curso de Música Sacra Russa com o Director do Sexteto Anima de San Petersburgo.
Interpretaram esta música no concerto de encerramento do curso organizado pela Federación Navarra de Coros.

Os Vampiros continuam à solta

notícias

22 Junho 2008 - 00h30
Processo: Empresa recusa pretensão de Salter Cid
PT vai defender os seus interesses

A Portugal Telecom está disposta a defender os seus interesses em Tribunal no processo que lhe moveu José Salter Cid, actual vereador do PSD na Câmara de Lisboa. Os responsáveis do Grupo PT ficaram "chocados" com a pretensão do ex-quadro da Marconi, que reclama um aumento da pensão de 17,9 mil euros por mês, ao abrigo de um despacho interno da Administração da Marconi.

"Dos 17 anos de ligação à PT, Salter Cid trabalhou apenas seis", disseram ao CM fontes da operadora, que acrescentaram que a suspensão do contrato de trabalho do ex-gestor foi conseguida de "comum acordo entre as partes" e que a "PT sempre agiu em todo este processo de boa-fé".
Para o Grupo PT é mais barato ter Salter Cid na condição de quadro com o contrato suspenso do que suportar as regalias do ex-gestor da Marconi (com direito a carro e motorista, telemóvel e cartão de crédito).
Quando Salter Cid terminou o seu mandato à frente da Companhia das Lezírias, o gestor terá solicitado um acordo para abandonar os quadros da PT, o que foi rejeitado pelo então presidente Henrique Granadeiro.
Logo após a sua entrada na Marconi, Salter Cid foi convidado para ocupar o cargo de secretário de Estado das Comunicações, no Governo de Cavaco Silva.

Miguel Alexandre Ganhão - em CM



RecadosAnimados.com -
Humor Total

Ainda o nosso Concerto em Montemor-o-Novo

sexta-feira, 20 de junho de 2008

State of Independence - Donna Summer

Pequeno recanto - Barreiro

PORTIMÃO - Igreja do Colégio reabre portas

Após as importantes obras de recuperação e beneficiação de que foi objecto por parte da Câmara Municipal de Portimão, a Igreja do Colégio vai abrir portas na noite de 20 de Junho.
Para celebrar o acontecimento, a autarquia agendou um concerto pelo grupo Coral Vértice, a realizar a partir das 21h30.O agrupamento lisboeta, fundado em 1974 com elementos do Coro Gulbenkian, interpretará temas eruditos e tradicionais, com especial relevo para os autores portugueses.

No dia 21 realiza-se a Eucaristia de reabertura ao culto da Igreja do Colégio, marcada para as 16h30 e presidida pelo Bispo do Algarve, D. Manuel Neto Quintas.

A segunda fase das obras de beneficiação do imóvel abrangeu os interiores, incluindo nave principal e locais acessórios, ao abrigo de um protocolo celebrado entre a Câmara de Portimão e o Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico, num investimento de 350 mil euros, verba co-financiada pelo Programa Operacional de Cultura.

A obra, concluída em 160 dias, constitui um elemento fundamental para a reabilitação e valorização dos elementos de memória e formação da identidade cultural de Portimão, dignificando um monumento único do património histórico-cultural do município e da própria região.

Arco da Rua Augusta - Lisboa - Portugal

quarta-feira, 18 de junho de 2008

In dulci jubilo - Bux WV52 Dietrich Buxtehude

Pensamentos para mim próprio

"O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer."

Albert Einstein


"O que mais preocupa não é nem o grito dos violentos, dos corruptos, dos desonestos, dos sem-caráter, dos sem-ética. O que mais preocupa é o silêncio dos bons."

Luther King

Poeta castrado não!

Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.

Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:

Da fome já não se fala
- é tão vulgar que nos cansa -
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?

Do frio não reza a história
- a morte é branda e letal -
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?

E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
- Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
- Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!

Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Ary dos Santos

sábado, 14 de junho de 2008

Helsinky Complaints Choir

Cantar o Verão


Concerto Coral com a participação de:
Pequenos Cantores da Academia de Música de Lisboa
Grupo Coral da Portela
direcção: Paula Coimbra
Palácio da Independência-Largo de S. Domingos,11 Lisboa
21 de Junho de 2008, sábado, 16h00
Entrada livre

sexta-feira, 13 de junho de 2008

PENSAMENTO

Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam
uma pessoa grande, é a sua sensibilidade sem tamanho.

William Shakespeare

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Eduardo Prado Coelho - Público

A crença geral anterior era de que Santana Lopes não servia, bem como
Cavaco, Durão e Guterres.
Agora dizemos que Sócrates não serve.
E o que vier depois de Sócrates também não servirá para nada.
Por isso começo a suspeitar que o problema não está no trapalhão
que foi Santana Lopes ou na farsa que é o Sócrates.

O problema está em nós.
Nós como povo Nós como matéria prima de um país.
Porque pertenço a um país onde a ESPERTEZA é a moeda sempre
valorizada, tanto ou mais do que o euro.
Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais
apreciada do que formar uma família baseada em valores e respeito
aos demais.

Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão
ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nos
passeios onde se paga por um só jornal
E SE TIRA UM SÓ JORNAL, DEIXANDO-SE OS DEMAIS ONDE ESTÃO.

Pertenço ao país onde as EMPRESAS PRIVADAS são fornecedoras
particulares dos seus empregados pouco honestos, que levam para casa,
como se fosse correcto, folhas de papel, lápis, canetas, clips e tudo
o que possa ser útil para os trabalhos de escola dos filhos ....e para
eles mesmos.

Pertenço a um país onde as pessoas se sentem espertas porque
conseguiram comprar um descodificador falso da TV Cabo, onde se frauda
a declaração de IRS para não pagar ou pagar menos impostos.

- Onde os directores das empresas não valorizam o capital humano.
- Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram
lixo nas ruas e, depois, reclamam do governo por não limpar os
esgotos.
- Onde pessoas se queixam que a luz e a água são serviços caros.
- Onde não existe a cultura pela leitura (onde os nossos jovens
dizem que é muito chato ter que ler) e não há consciência nem memória
política, histórica nem económica.
- Onde os nossos políticos trabalham dois dias por semana para
aprovar projectos e leis que só servem para caçar os pobres, arreliar
a classe média e beneficiar alguns.

Pertenço a um país onde as cartas de condução e as declarações
médicas podem ser 'compradas', sem se fazer qualquer exame.

- Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com
uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no autocarro,
enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não lhe
dar o lugar.
- Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e
não para o peão.
- Um país onde fazemos muitas coisas erradas, mas estamos
sempre a criticar os nossos governantes.
- Quanto mais analiso os defeitos de Santana Lopes e de
Sócrates, melhor me sinto como pessoa, apesar de que ainda ontem
corrompi um guarda de trânsito para não ser multado.
- Quanto mais digo o quanto o Cavaco é culpado, melhor sou eu
como português, apesar de que ainda hoje pela manhã explorei um
cliente que confiava em mim, o que me ajudou a pagar algumas dívidas.

Não. Não. Não.
Já basta.

Como 'matéria prima' de um país, temos muitas coisas boas, mas falta
muito para sermos os homens e as mulheres que o nosso país precisa.
Esses defeitos, essa 'CHICO-ESPERTERTICE PORTUGUESA' congénita,
essa desonestidade em pequena escala, que depois cresce e evolui até se
converter em casos escandalosos na política, essa falta de qualidade
humana, mais do que Santana, Guterres, Cavaco ou Sócrates, é que é
real e honestamente má, porque todos eles são portugueses como nós,
ELEITOS POR NÓS.
Nascidos aqui, não noutra parte...
Fico triste.
Porque, ainda que Sócrates se fosse embora hoje, o próximo que o
suceder terá que continuar a trabalhar com a mesma matéria prima
defeituosa que, como povo, somos nós mesmos.
E não poderá fazer nada...
Não tenho nenhuma garantia de que alguém possa fazer melhor, mas
enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar
primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá.
Nem serviu Santana, nem serviu Guterres, não serviu Cavaco, nem serve
Sócrates e nem servirá o que vier.

Qual é a alternativa?

Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a
força e por meio do terror?
Aqui faz falta outra coisa.
E enquanto essa 'outra coisa' não comece a surgir de baixo para cima,
ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram,
seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados....
igualmente abusados!

É muito bom ser português.
Mas quando essa portugalidade autóctone começa a ser um empecilho às
nossas possibilidades de desenvolvimento como Nação, então tudo muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam
um messias.

Nós temos que mudar.
Um novo governante com os mesmos portugueses nada poderá fazer.
Está muito claro...
Somos nós que temos que mudar.
Sim, creio que isto encaixa muito bem em tudo o que anda a acontecer-nos.

Desculpamos a mediocridade de programas de televisão nefastos e,
francamente, tolerantes com o fracasso.
É a indústria da desculpa e da estupidez.
Agora, depois desta mensagem, francamente, decidi procurar o
responsável, não para o castigar, mas para lhe exigir (sim, exigir)
que melhore o seu comportamento e que não se faça de mouco, de
desentendido.

Sim, decidi procurar o responsável e ESTOU SEGURO DE QUE O
ENCONTRAREI QUANDO ME OLHAR NO ESPELHO.

AÍ ESTÁ.
NÃO PRECISO PROCURÁ-LO NOUTRO LADO.

E você, o que pensa?.... MEDITE!

EDUARDO PRADO COELHO

terça-feira, 10 de junho de 2008

Johnny Cash - San Quentin

URSO POLAR BRINCANDO COM CÃES...

LEVO OU DEIXO ?

Diz a lenda que Bocage, ao chegar a casa um certo dia, ouviu um barulho
estranho vindo do seu quintal. Chegando lá, constatou um ladrão tentando
levar seus patos de criação. Aproximou-se vagarosamente do indivíduo e,
surpreendendo-o ao tentar pular o muro com os seus amados patos, disse-lhe:

- Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo valor intrínseco dos Bípedes
palmípedes, mas sim pelo acto vil e sorrateiro de profanares o recôndito da
minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa.
Se fazes isso por necessidade, transijo... mas se é para zombares da minha
elevada prosopopeia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com a minha
bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que
te reduzirei à quinquagésima potência que o vulgo denomina nada.

E o ladrão, confuso, diz:
- "Doutor, afinal eu levo ou deixo os patos?"*

sexta-feira, 6 de junho de 2008

A Felicidade

A felicidade exige valentia.
"Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes mas, não
esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e posso evitar que ela
vá à falência.
Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver apesar de todos os desafios,
incompreensões e períodos de crise. Ser feliz é deixar de ser vítima dos
problemas e se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no
recôndito da sua alma.
É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida. Ser feliz é não ter
medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para
ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.
Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou construir um castelo..."
Fernando Pessoa - 70º aniversário da sua morte