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domingo, 11 de janeiro de 2015
quinta-feira, 26 de junho de 2014
quinta-feira, 1 de maio de 2014
sexta-feira, 4 de abril de 2014
terça-feira, 12 de novembro de 2013
In The Bleak Midwinter : Choir of Kings College, Cambridge
sábado, 9 de novembro de 2013
Grupo de Cámara de la MPO (Madrid Philharmonic Orchestra)
segunda-feira, 5 de dezembro de 2011
segunda-feira, 18 de abril de 2011
domingo, 27 de março de 2011
quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
segunda-feira, 17 de janeiro de 2011
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
domingo, 24 de outubro de 2010
sábado, 2 de outubro de 2010
quarta-feira, 14 de julho de 2010
sábado, 26 de junho de 2010
quarta-feira, 7 de abril de 2010
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
terça-feira, 10 de novembro de 2009
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
quinta-feira, 29 de outubro de 2009
quinta-feira, 15 de outubro de 2009
quinta-feira, 1 de outubro de 2009
CONCERTO COMEMORATIVO DO 24º ANIVERSÁRIO DA CRIAÇÃO DA JUNTA DE FREGUESIA DA PORTELA
No dia 5 de Outubro, pelas 22.00 horas, haverá, no Jardim Almeida Garrett, um concerto ao vivo com Luís represas.
ENTRADA LIVRE
sexta-feira, 25 de setembro de 2009
CANTAR FAZ BEM À SAUDE !!!
sexta-feira, 18 de setembro de 2009
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
quinta-feira, 4 de junho de 2009
7º. ENCONTRO DE COROS DA PORTELA - LOURES
Um aspecto da sala do concerto com uma bela assistência, mostrando-se muito interessada .
sábado, 4 de abril de 2009
terça-feira, 24 de fevereiro de 2009
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009
A CRISE, SEMPRE A CRISE !...
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
domingo, 8 de fevereiro de 2009
sexta-feira, 30 de janeiro de 2009
quinta-feira, 29 de janeiro de 2009
GAZA E ISRAEL
Domingo, 4 de Janeiro de 2009
segunda-feira, 26 de janeiro de 2009
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
A PROPAGANDA É TUDO !
Então, um "sujeitinho" desce na estação de metro de Nova Yorque trajando jeans, T-shirt e boné, encosta-se próximo da entrada, tira o violino da caixa e começa a tocar com entusiasmo para a multidão que por ali passa, mesmo na hora do 'rush' matinal.
Durante os cerca de 45 minutos que tocou, foi praticamente ignorado pelos passantes, ninguém sabia, mas o músico, o "sujeitinho", era Joshua Bell, um dos maiores violinistas do mundo, executando peças musicais consagradas num instrumento estimado em mais de 3 milhões de dólares, um raríssimo Stradivarius de 1713.
Alguns dias antes Joshua Bell havia tocado no Symphony Hall de Boston, onde os melhores lugares tinham sido pagos pela ninharia de 1000 USD.
A experiência, gravada em vídeo, mostra homens e mulheres de andar ligeiro, copo de café na mão, telemóvel na orelha, indiferentes ao som do violino. A iniciativa realizada pelo jornal The Washington Post era a de lançar um debate sobre valor, contexto e arte.
Conclusão: estamos acostumados a dar valor às coisas quando estão num contexto.
Joshua Bell era uma obra de arte sem moldura. Um artefacto de luxo sem etiqueta de grife.
Eu concluiria ainda mais; a cultura da arte é um estatuto do 'faz de conta'.
sexta-feira, 2 de janeiro de 2009
sexta-feira, 26 de dezembro de 2008
quinta-feira, 4 de dezembro de 2008
terça-feira, 2 de dezembro de 2008
CARTA INÉDITA DE EGAS MONIZ AO SENHOR D. AFONSO HENRIQUES
· No exame final de 12º ano, és apanhado a copiar, chumbas o ano; o primeiro-ministro fez o exame de inglês técnico em casa, mandou por fax e é engenheiro.
· Uma adolescente de 16 anos pode fazer livremente um aborto, mas não pode pôr um'piercing' (um prego nas trombas, mas em inglês diz-se assim)
· Um jovem de 18 anos recebe 200 € do Estado para não trabalhar; um idoso recebe de reforma 236 € depois de toda uma vida do trabalho.
· Um marido oferece um anel à sua mulher e tem de declarar a doação ao fisco. O mesmo fisco penhora indevidamente o salário de um trabalhador e demora 3 anos a corrigir o erro.
· Nas zonas mais problemáticas das áreas urbanas existe 1 polícia para cada 2.000 habitantes; o Governo diz que não precisa de mais polícias.
· Um professor é sovado por um aluno e o Governo diz que a culpa é das causas sociais.
· O café da esquina fechou porque não tinha WC para homens, mulheres e empregados. No Fórum Montijo, o WC da Pizza Hut fica a 100mts e não tem local para lavar as mãos.
· O governo incentiva as pessoas a procurarem energias alternativas ao petróleo e depois multa quem coloca óleo vegetal nos carros porque não paga ISP (Imposto sobre produtos petrolíferos).
· Nas prisões, são distribuídas gratuitamente seringas por causa do HIV, mas é proibido consumir droga nas prisões!
· Um jovem de 14 anos mata um adulto, não tem idade para ir a tribunal. Um jovem de 15 leva um chapada do pai, por ter roubado dinheiro para droga, é violência doméstica!
· A uma família a quem a casa ruiu e não tem dinheiro para comprar outra, o estado não tem dinheiro para fazer uma nova, tem de viver conforme pode. 6 presos que mataram e violaram idosos vivem numa cela de 4 e sem wc privado, não estão a viver condignamente e aí aassociação de direitos humanos faz queixa ao tribunal europeu.
· A militares que combateram em África a mando do governo da época na defesa do território nacional não lhes é reconhecido nenhuma causa nem direito de guerra, mas o primeiro-ministro elogia as tropas que estão em defesa das Pátrias DO KOSOVO, AFEGANISTÃO E IRAQUE, não da Pátria que fundaste.
· Começas a descontar em Janeiro o IRS e só vais receber o excesso em Agosto do ano que vem; não pagas às finanças a tempo e horas, passado um dia, já estás a pagar juros.
· Fechas a janela da tua varanda e estás a fazer uma obra ilegal. Constrói-se um bairro de lata e ninguém vê.
· Se o teu filho não tem cabeça para a escola e com 14 anos o pões a trabalhar contigo num ofício respeitável, é exploração de trabalho infantil. Se és artista e o teu filho com 7 anos participa em gravações de telenovelas 8 horas por dia ou mais, a criança tem muito talento, sai ao pai ou à mãe!
· Numa farmácia pagas 0.50€ por uma seringa que se usa para dar um medicamento a uma criança. Se fosses drogado, não pagavas nada!
· Afonsinho, de novo te pergunto e por favor responde-me: em que estavas a pensar quando fundaste Portugal? Carago,(à moda do Porto), foi uma diarreia mental que tiveste, confessa lá que foi. Agora todos estão desiludidos. Já te falarei um dia na corrupção. O Gonçalo Mendes da Maia que tu tanto criticavas por querer tudo, era um ingénuo, não era nada ao lado desta gangada, nossos descendentes.
Se vires a senhora tua Mãe, dá-lhe recados.
Um beijo do teu servidor sempre fiel,
Egas Moniz
terça-feira, 25 de novembro de 2008
sexta-feira, 21 de novembro de 2008
quarta-feira, 19 de novembro de 2008
sexta-feira, 10 de outubro de 2008
Grupo Coral da Portela
Concerto de Ano Novo realizado em 19 de Janeiro de 2008,
na Igreja de Cristo Rei da Portela, com a Orquestra do
Círculo de Música de Câmara.
Neste vídeo cantámos "Joy to the World".
sexta-feira, 3 de outubro de 2008
........... A Marselhesa .........
com esta energia por Roberto Alagna,
cantor lírico francês de origem siciliana
.
quinta-feira, 2 de outubro de 2008
............HÁ COROS E COROS ...........
Municipal de Santiago do Cacém e é de Junho deste ano.
"A Câmara Municipal deliberou transferir uma verba no
valor de 5.500,00 Euros para o Grupo Coral do Clube
Galp Energia, sendo:
4.000,00 para apoio às despesas correntes do grupo;
1.000,00 para apoio à realização do Encontro de Coros;
500,00 apoio à "Cantata de Santo Agostinho""
Alguém me chamou a atenção para esta notícia quando
na passada 4ª feira fomos avisados de que não havia
ensaio, porque não havia ninguém para nos abrir a
porta da sala que nos tinham por muito favor emprestado...
segunda-feira, 29 de setembro de 2008
Miguel Sousa Tavares
1 Por causa das gravuras supostamente paleolíticas de Foz Côa (algumas desenhadas há 30 anos)
deixou de se fazer uma barragem que era importante para a regularização do Douro; e, por não
se ter feito essa barragem, vai avançar-se agora com a respectiva compensação, que é uma
barragem no Sabor - um dos últimos rios despoluídos e em estado natural do país - que terá
consequências ambientais desastrosas. Mas, na altura, Guterres e Carrilho queriam inaugurar o
seu Governo com uma caução 'cultural', cavalgando uma onda de demagogia imaginada por uma
inteligente máquina propagandística de interessados em arranjar um 'tacho' no futuro Parque
Paleolítico do Côa. "As gravuras não sabem nadar", gritavam eles. E, porque as gravuras não
sabem nadar, destrói-se o rio Sabor.
Tempos depois, foi a vez das pegadas da passagem de um dinossauro na CREL. "Achado
arqueológico de extrema importância", arranjou logo os seus acérrimos defensores. Fez-se então
um túnel, para preservar por cima as marcas indeléveis da passagem do dinossauro
excelentíssimo. Tal como em Foz Côa, as boas almas que se encarregam de desbaratar dinheiros
públicos a qualquer pretexto juraram que o local seria ponto de permanente romaria de
criancinhas das escolas, levadas compulsivamente, e de milhares, milhões de adultos, idos
voluntariamente, em súbito fervor histórico-cultural. E só a chegada do défice evitou que ao
túnel se juntasse ainda um museu do dinossauro. Mesmo assim, milhões e milhões e milhões
depois, duvido que mais de uma dúzia de curiosos por ano se preocupe em ir ver as pegadas do
bicho; e, quanto a Foz Côa, retenho a exclamação sentida de uma habitante local, aqui há tempos:
"Até agora, ainda não ganhámos nada com as gravuras!" Pois não, minha senhora, mas isto de
ganhar dinheiro sem fazer nada, apenas abrindo a torneira do Estado, não acontece todos os
dias.
Agora, li aqui que, por cima da A-24, entre Vila do Conde e Vila Pouca de Aguiar, se fez um
'loboduto', para que os distintos animais (que não se sabe ao certo quantos são) não vejam
interrompidos os seus supostos territórios de passagem na serra da Falperra. Eu acho o lobo um
animal interessante e Deus me livre de não os querer preservar. Mas, francamente, 100 milhões
de euros (20 milhões de contos!) por um 'loboduto' - onde, ainda por cima e segundo
testemunhos locais, é improvável que venha a passar algum lobo, porque não só não se sabe se
eles existem mesmo ali como ainda se sabe que ao lado existe uma pedreira que costuma fazer
explosões - parece-me um bocadinho, como direi, talvez exagerado?... Vamos admitir que existem
por ali dez lobos, a quem aquilo facilita a vida; vamos mesmo admitir que existem vinte: um
milhão de contos por lobo não será de mais? Quantos anos, e sempre com gravíssimos problemas
de saúde e assistência, não teria de viver um português para que o Estado gastasse com ele um
milhão de contos?
Como se conseguiu chegar a este verdadeiro deboche contabilístico? Segundo conta o
'Expresso', da maneira mais simples e mais habitual: através da contratação de estudos e
pareceres técnicos a 'especialistas'. A consultadoria para o Estado - um dos mais prósperos
negócios que existem em Portugal.
2 Pela mesma altura de Foz Côa - governava Guterres e era ministro da Economia Pina Moura -, a
consultadoria externa levou o Estado a celebrar outro extraordinário negócio. Existia uma
empresa privada, a Grão Pará, que parece que tinha o mau hábito de se esquecer de pagar à
Segurança Social. Já uma vez tinha conseguido negociar de forma a que o Estado lhe pusesse as
dívidas a zero, mas, anos depois, estava outra vez na mesma situação. Como resolver o problema?
Por dação em pagamento. Acontece que a dita empresa tinha dois bens, qual deles o mais valioso.
Um era um hotel no Funchal, construído ao lado do que dava para imaginar facilmente que um dia
seria o prolongamento da pista de aterragem do aeroporto. Quando a pista foi mesmo
prolongada, o hotel ficou condenado à falência, porque não há muitos hóspedes que queiram
dormir onde aterram aviões. O outro era o Autódromo do Estoril, onde sucessivas injecções de
dinheiros públicos não tinham conseguido o milagre de o tornar rentável nem sequer de lá manter
a Fórmula 1. E foi com estes dois bens falidos que o Estado se contentou em troca do perdão da
dívida. Na altura escrevi um artigo perguntando como é que um Governo que tudo queria
privatizar se lembrava de 'nacionalizar' um autódromo e como é que o Estado transformava um
crédito num encargo financeiro para si. Respondeu no mesmo jornal o ministro Pina Moura. Dizia
que o autódromo era essencial para o turismo e para o 'interesse público' e que, feitas umas
pequenas obras de melhoramento, logo regressaria a Fórmula 1 e lucros a perder de vista.
Passaram-se dez anos e o Autódromo do Estoril, depois de dezenas de milhões de euros de
dinheiros públicos gastos em melhoramentos, manutenção e honorários dos seus administradores
(e, obviamente, sem jamais voltar a ver a Fórmula 1 ou qualquer coisa que se parecesse), foi esta
semana posto em leilão público por 35 milhões de euros. Não apareceu nenhum interessado. Pelo
que, das duas uma: ou se arrasa e urbaniza tudo aquilo (fazendo mais uma alteração legislativa,
porque os terrenos são de construção proibida), ou teremos de continuar a suportar
eternamente os custos deste brilhante acto de governação.
3 E sabem porque é que estas coisas acontecem? Porque há um poderosíssimo lóbi de
consultadoria instalado à mama do Estado, há anos sem fio, que dita, influencia e condiciona as
decisões dos executivos. Para 2008, o Governo orçamentou 370 milhões de euros (!) para gastar
com eles em "estudos, pareceres, projectos e consultadoria". Eles, quem? Pois, isso é segredo de
Estado, Há um ano que o semanário 'Sol' tenta obter, ao abrigo da Lei de Acesso aos
Documentos Administrativos, a lista dos beneficiários deste bodo. Em vão. O Governo fecha-se
em copas e os tribunais administrativos protegem-lhe a manha. É que, se viesse a público a lista
das eminentes personalidades, dos ilustres técnicos e dos influentes escritórios de advogados e
consultores que entre si fazem assessoria aos governos - seja para comprar armas, submarinos
ou autódromos ou para dar parecer técnico sobre 'lobodutos' ou contratos com Angola -, uma
grossa fatia da respeitabilidade pública desabaria por terra.
Repito o que de há muito venho dizendo: em termos de cidadania, há duas espécies de
portugueses - os que vivem a pagar ao Estado e os que vivem a tirar ao Estado. E o resto é
conversa de comendadores ou de 'benfeitores'.
sábado, 27 de setembro de 2008
Artigo do jornal "Semanário" ... no coments
por Paulo Gaião 2008-09-19 01:20
Ao longo da história portuguesa, muitos heróis fizeram-se pagar em dinheiro pelos serviços em prol da liberdade, não se importando com a questão ética e com o empobrecimento dos cofres públicos. Eanes não.
A recusa de Ramalho Eanes em receber uma indemnização de mais de um milhão de euros por parte do Estado é uma matéria que, num país com uma comunicação social mais independente e sensibilizada para a crise não só económica como moral em que o país se encontra há muitos anos, merecia a entrada de um telejornal. A notícia soube-se no sábado. Em vez de Eanes, os telejonais abriram com Ronaldo no sábado e com Madonna no domingo, sinais da voracidade em relação ao dinheiro, que está na origem da decadência das sociedades modernas, como bem recordou Bento XVI em França, no passado fim-de-semana , e da mediocridade dos tempos, em que são os futebolistas e as estrelas rock que têm génio, como já observava Robert Musil nos anos 30 em relação aos cavalos e, curiosamente, já em relação às estrelas da bola, anunciando o esmagamento da cultura e dos espíritos superiores.
A história conta-se rapidamente. Em virtude de um decreto-lei de 1984, feito no tempo de um governo de Mário Soares, ao que se diz elaborado com propósitos políticos revanchistas, os presidentes da República deixavam de poder acumular a reforma respectiva com quaisquer outras reformas ou pensões do Estado. A lei pareceu feita à medida de Eanes, o único presidente eleito desde 1976 e não com intuitos de moralização pública. Eanes, apesar de bem perceber que a lei era feita à sua medida, dois anos antes de abandonar o Palácio de Belém e não se poder recandidatar, promulgou-a, o que mostra uma elevação de espírito absolutamente ímpar e uma abnegação patriótica única. Cavaco Silva, quando chegou há dois anos a Belém, levou esta questão antiga para resolver. O actual Presidente da República pode ter muitos defeitos mas rege-se por padrões éticos e morais que são muito semelhantes aos de Eanes. Cavaco não descansou enquanto não levou o governo a rever esta injustiça em relação a Eanes. Habituado a ver muitos a serem compensados pecuniariamente sem motivo ou com razões forçadas, Cavaco deve ter achado que com Eanes tinha de se ressarcir uma situação única de injustiça, sendo a única via a patrimonial. Enviados do próprio governo terão falado com a família Eanes em privado. A ideia do executivo era não só alterar a lei, como fazê-lo retroactivamente, beneficiando Eanes e reparando uma injustiça. Porém, Eanes, recusou a indemnização, num valor que, com os juros elevados, lhe daria mais do que uma reforma de Presidente da República.
Num país onde, ao longo de muitos momentos da história portuguesa, até os heróis se aproveitaram desta condição para terem títulos, empregos, indemnizações, Ramalho Eanes é um exemplo único que, quando a história pousar, lá para o final do século XXI, princípios do século XXII, e os princípios mais belos da civilização humana renascerem, há-de ser admirado pela sua rectidão e patriotismo. Por exemplo, os heróis da revolução liberal de 1834, apesar de todo o misticismo que anda à volta do seu papel, aproveitaram a situação para enriquecerem e aumentarem o seu património, à custa dos cofres públicos, com esse escândalo nacional que foi a venda, a troco de títulos de indemnização pelos serviços liberais prestados, de milhares de prédios expropriados às ordens religiosas, num processo que, curiosamente, tem semelhanças com o que aconteceu com o desmantelamento da URSS, quando alguns oligarcas comparam títulos e ficaram detentores de grandes negócios, como o petróleo. Vasco Pulido Valente, num livro que escreveu, chamou-lhes mesmo a estes heróis liberais, que hoje dão nome a muitas ruas de Lisboa, os "devoristas". Após a consolidação da democracia portuguesa, também muitos heróis se aproveitaram da situação para obterem bons cargos, boas pensões, uma boa rede de conhecimentos e influências para os seus negócios, fazendo-se pagar pelo seu papel na defesa da liberdade. Com a entrada de Portugal na economia de mercado, depois das expropriações comunistas do PREC, também se indemnizaram muitos grupos económicos que se consideravam vitimas da situação. O Estado voltou a ficar sacrificado, empobrecendo. Com a agravante de, nalgumas situações, os grupos económicos terem sido reinvestidos nos seus bens e valores e depois terem vendido tudo aos estrangeiros, como aconteceu com a venda do Totta ao Santander, por António Champalimaud.
Eanes, um homem que participou no 25 de Abril e que fez o 25 de Novembro teve tudo nas mãos. Se não fosse a figura ímpar que é, podia ter sido um ditador, espalhando um banho de sangue em Portugal, ou um "devorista", fazendo-se pagar bem caro pelo preço da liberdade e da democracia que garantiu ao país. Não foi uma coisa nem outra. É só um homem íntegro e um Patriota. À semelhança de Eanes, faça-se também justiça aos militares deAbril. Quando se fizer a história, há-de chegar-se à conclusão que poucos enriqueceram, o que é mais um feito notável, num país que quase sempre foi gerido com base num rancho que era preciso servir.
Caminhada pela Falésia do Divórcio
quarta-feira, 17 de setembro de 2008
terça-feira, 19 de agosto de 2008
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
sexta-feira, 1 de agosto de 2008
quinta-feira, 31 de julho de 2008
quarta-feira, 30 de julho de 2008
João Pereira Coutinho - Jornal Expresso
Perguntam-me às vezes qual a principal diferença entre o norte e o sul, entre o Porto e Lisboa. Tenho a vantagem, ou a desvantagem, de viver entre ambas. E respondo sempre uma evidência: água engarrafada. O meu interlocutor não entende a resposta e pede explicações. Eu bocejo, deito-me no sofá, desaperto ligeiramente o cinto que oprime a barriga e começo uma longa prelecção sobre a diferença antropológica entre as duas principais cidades portuguesas sob a perspectiva da água engarrafada. Tudo se resume a experiência pessoal: eu, em casa de amigos lisboetas, solicitando um copo de água para matar a sede. E eles, com a naturalidade típica do sul, abrem a torneira e enchem o copo.
No Porto, este gesto - abrir a torneira e encher o copo para o convidado - seria o suficiente para lançar duas famílias em guerra. Quando um homem do norte pede um copo de água, ele sabe que existe uma diferença entre água da torneira (que serve para cozinhar, tomar banho e alimentar os cães) e água engarrafada (exclusivamente para seres humanos).
Não sei como começou esta profunda divisão; mas um livro recente, escrito por Elizabeth Royte e analisado na última "Economist", talvez dê uma ajuda. Intitula-se, apropriadamente, Bottlemania: How Water Went on Sale and Why We Bought It. Para a autora, uma mistura de snobeira, necessidade e preocupações higiénicas transformou uma indústria inexistente, ou incipiente, num império de lucros florescentes. Depois, e só depois, o capitalismo fez o resto: ainda que a água corrente seja hoje tão bebível como a engarrafada, vender garrafas é mais rentável. Para sermos exactos, uma indústria de 4 mil milhões de dólares em 1997 passou para os 10,8 mil milhões em 2006.
Quando conto esta história aos meus amigos lisboetas, eles dizem que água engarrafada é típica de zonas subdesenvolvidas. Talvez seja. Ou talvez não seja: talvez a preferência pela garrafa seja mais uma confirmação de que o colectivismo do sul não pega no norte burguês e individualista.
quinta-feira, 24 de julho de 2008
quarta-feira, 23 de julho de 2008
Clara F. Alves
Portugal tem um défice de responsabilidade civil, criminal e moral muito
maior do que o seu défice financeiro, e nenhum português se preocupa com
isso apesar de pagar os custos da morosidade, do secretismo, do
encobrimento, do compadrio e da corrupção. Os portugueses, na sua infinita e
pacata desordem existencial, acham tudo 'normal' e encolhem os ombros.
Por uma vez gostava que em Portugal alguma coisa tivesse um fim, ponto
final, assunto arrumado. Não se fala mais nisso. Vivemos no país mais
inconclusivo do mundo, em permanente agitação sobre tudo e sem concluir
nada.
Desde os Templários e as obras de Santa Engrácia, que se sabe que nada acaba
em Portugal, nada é levado às últimas consequências, nada é definitivo e
tudo é improvisado, temporário, desenrascado.
Da morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, foi
crime, não foi crime, ao desaparecimento de Madeleine McCann ou ao caso Casa
Pia, sabemos de antemão que nunca saberemos o fim destas histórias, nem o
que verdadeiramente se passou nem quem são os criminosos ou quantos crimes
houve.
Tudo a que temos direito são informações caídas a conta-gotas, pedaços do
enigma, peças do quebra-cabeças. E habituámo-nos a prescindir de apurar a
verdade porque intimamente achamos que não saber o final da história é uma
coisa normal em Portugal e que este é um país onde as coisas importantes são
'abafadas', como se vivêssemos ainda em ditadura.
E os novos códigos Penal e de Processo Penal em nada vão mudar este estado
de coisas. Apesar dos jornais e das televisões, dos blogues, dos
computadores e da Internet, apesar de termos acesso em tempo real ao maior
número de notícias de sempre, continuamos sem saber nada, e esperando nunca
vir a saber com toda a naturalidade.
Do caso Portucale à Operação Furacão, da compra dos submarinos às escutas ao
primeiro-ministro, do caso da Universidade Independente ao caso da
Universidade Moderna, do Futebol Clube do Porto ao Sport Lisboa Benfica, da
corrupção dos árbitros à corrupção dos autarcas, de Fátima Felgueiras a
Isaltino Morais, da Braga parques ao grande empresário Bibi, das queixas
tardias de Catalina Pestana às de João Cravinho, há por aí alguém que
acredite que algum destes secretos arquivos e seus possíveis e alegados,
muito alegados crimes, acabem por ser investigados, julgados e devidamente
punidos?
Vale e Azevedo pagou por todos.
Quem se lembra dos doentes infectados por acidente e negligência de Leonor
Beleza com o vírus da sida?
Quem se lembra do miúdo electrocutado no semáforo e do outro afogado num
parque aquático?
Quem se lembra das crianças assassinadas na Madeira e do mistério dos crimes
imputados ao padre Frederico?Quem se lembra que um dos raros condenados em
Portugal, o mesmo padre Frederico, acabou a passear no Calçadão de
Copacabana?
Quem se lembra do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi
roubada do Instituto de Medicina Legal?
Em todos estes casos, e muitos outros, menos falados e tão sombrios e
enrodilhados como estes, a verdade a que tivemos direito foi nenhuma.
No caso McCann, cujos desenvolvimentos vão do escabroso ao incrível, alguém
acredita que se venha a descobrir o corpo da criança ou a condenar alguém?
As últimas notícias dizem que Gerry McCann não seria pai biológico da
criança, contribuindo para a confusão desta investigação em que a Polícia
espalha rumores e indícios que não têm substância.
E a miúda desaparecida em Figueira? O que lhe aconteceu?
E todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou?
E o processo do Parque, onde tantos clientes buscavam prostitutos, alguns
menores, onde tanta gente 'importante' estava envolvida, o que aconteceu?
Arranjou-se um bode expiatório, foi o que aconteceu.
E as famosas fotografias de Teresa Costa Macedo? Aquelas em que ela
reconheceu imensa gente 'importante', jogadores de futebol, milionários,
políticos, onde estão? Foram destruídas? Quem as destruiu e porquê?
E os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran mais os negócios escuros do
grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal, onde é que isso pára? O mesmo
grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de
um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha.
E aquele médico do Hospital de Santa Maria suspeito de ter assassinado
doentes por negligência? Exerce medicina?
E os que sobram e todos os dias vão praticando os seus crimes de colarinho
branco sabendo que a justiça portuguesa não é apenas cega, é surda, muda,
coxa e marreca.
Passado o prazo da intriga e do sensacionalismo, todos estes casos são
arquivados nas gavetas das nossas consciências e condenados ao esquecimento.
Ninguém quer saber a verdade. Ou, pelo menos, tentar saber a verdade.
Nunca saberemos a verdade sobre o caso Casa Pia, nem saberemos quem eram as
redes e os 'senhores importantes' que abusaram, abusam e abusarão de
crianças em Portugal, sejam rapazes ou raparigas, visto que os abusos sobre
meninas ficaram sempre na sombra.
Existe em Portugal uma camada subterrânea de segredos e injustiças, de
protecções e lavagens, de corporações e famílias, de eminências e
reputações, de dinheiros e negociações que impede a escavação da verdade.
Este é o maior fracasso da democracia portuguesa
segunda-feira, 21 de julho de 2008
LIMPEZA ÉTNICA - Jornal de Notícias
"Entraram-me em casa, espatifaram tudo. Levaram o plasma, o DVD a aparelhagem..." Esta foi uma das esclarecedoras declarações dos autodesalojados da Quinta da Fonte. A imagem do absurdo em que a assistência social se tornou em Portugal fica clara quando é complementada com as informações do presidente da Câmara de Loures: uma elevadíssima percentagem da população do bairro recebe rendimento de inserção social e paga "quatro ou cinco euros de renda mensal" pelas habitações camarárias. Dias depois, noutra reportagem outro jovem adulto mostrava a sua casa vandalizada, apontando a sala de onde tinham levado a TV e os DVD. A seguir, transtornadíssimo, ia ao que tinha sido o quarto dos filhos dizendo que "até a TV e a playstation das crianças" lhe tinham roubado. Neste país, tão cheio de dificuldades para quem tem rendimentos declarados, dinheiro público não pode continuar a ser desviado para sustentar predadores profissionais dos fundos constituídos em boa fé para atender a situações excepcionais de carência. A culpa não é só de quem usufrui desses dinheiros. A principal responsabilidade destes desvios cai sobre os oportunismos políticos que à custa destas bizarras benesses, compraram votos de Norte a Sul. É inexplicável num país de economias domésticas esfrangalhadas por uma Euribor com freio nos dentes que há famílias que pagam "quatro ou cinco Euros de renda" à câmara de Loures e no fim do mês recebem o rendimento social de inserção que, se habilmente requerido por um grupo familiar de cinco ou seis pessoas, atinge quantias muito acima do ordenado mínimo. É inaceitável que estes beneficiários de tudo e mais alguma coisa ainda querem que os seus T2 e T3 a "quatro ou cinco euros mensais" lhes sejam dados em zonas "onde não haja pretos". Não é o sistema em Portugal que marginaliza comunidades. O sistema é que se tem vindo a alhear da realidade e da decência e agora é confrontado por elas em plena rua com manifestações de índole intoleravelmente racista e saraivadas de balas de grande calibre disparadas com impunidade. O país inteiro viu uma dezena de homens armados a fazer fogo na via pública. Não foram detidos embora sejam facilmente identificáveis. Pelo contrário. Do silêncio cúmplice do grupo de marginais sai eloquente uma mensagem de ameaça de contorno criminoso - "ou nos dão uma zona etnicamente limpa ou matamos." A resposta do Estado veio numa patética distribuição de flores a cabecilhas de gangs de traficantes e autodenominados representantes comunitários, entre os sorrisos da resignação embaraçada dos responsáveis autárquicos e do governo civil. Cá fora, no terreno, o único elemento que ainda nos separa da barbárie e da anarquia mantém na Quinta da Fonte uma guarda de 24 horas por dia com metralhadoras e coletes à prova de bala. Provavelmente, enquanto arriscam a vida neste parque temático de incongruências socio-políticas, os defensores do que nos resta de ordem pensam que ganham menos que um desses agregados familiares de profissionais da extorsão e que o ordenado da PSP deste mês de Julho se vai ressentir outra vez da subida da Euribor.
domingo, 6 de julho de 2008
sábado, 5 de julho de 2008
segunda-feira, 30 de junho de 2008
ATRIBULAÇÕES DE UM CHINÊS FORA DA CHINA
professor universitário
Honorável primo Chu Agradeço a carta e as notícias. Espero que tudo continue bem aí em Beijing. Como passa a tia Ma? Por cá as coisas andam prósperas. Com os estrangeiros daqui em crise, é bom para a nossa loja e restaurantes.
Quanto às perguntas que me faz acerca dos ocidentais, tem toda a razão em estar preocupado com os Jogos Olímpicos que se aproximam. Tenha muito cuidado, porque os narizes compridos só dizem mentiras. Falam muito em liberdade e querem ensinar a todos o que ela é, mas só conhecem as liberdades que não interessam. Faltam-lhes as realmente importantes.
Andam muito orgulhosos por poderem escolher os chefes e dizer mal deles. Como acham que nós não dizemos, consideram-nos oprimidos. Mas não têm liberdade para vender, comer, guiar, despejar lixo e mil outras coisas. É proibido fumar cigarros, cortar árvores, fazer barulho. Vendem só a certas horas e em certos sítios. Não se pode trabalhar à noite ou quando se é velho. Nem imagina o que eles exigem para se andar de carro (por exemplo, um colete verde!!). Proíbem muitas comidas, das nossas ou mesmo das que eles sempre comeram. Ficam fulos se não dividimos o lixo. Até querem controlar a maneira como se escreve. Tudo tem regras, imposições, limites. Sobretudo papéis. Muitos papéis. Chamam a isto progresso e liberdade.
O Fu diz que a vida na terra dos narizes grandes é como a que tínhamos no tempo do Camarada Mao. Eu achava exagero (sabe como é o primo Fu...) mas um dia vi que tinha razão. Vieram ao restaurante alguns guardas vermelhos armados. Diziam ser fiscais da economia, mas senti aquele mesmo medo da revolução cultural. Viram tudo, inventaram multas por nada, ralharam e levaram preso o tio Deng.
Como no tempo do Camarada Mao, os ocidentais passam horas em doutrinação política. Aqui é em frente à televisão. Um deles disse- -me que era muito diferente da China, porque não é doutrina, mas notícias e debates (exactamente como lhe chamavam os comissários do povo), e porque se pode escolher aquilo que se ouve. Ao princípio acreditei, mas depois vi que não há escolha. Todos dizem o mesmo. E querem eles ensinar-nos liberdade!
Como vai ter narizes grandes em Beijing, precisa conhecê-los. Diz-se que só pensam em dinheiro, mas isso também nós. A diferença é que, além da tal liberdade, eles adoram três coisas: papéis, saúde e sexo. Quando aos papéis, já lhe expliquei: há papéis para tudo. Não sei se foi boa ideia termos-lhe dado essa nossa invenção. Depois andam sempre aterrorizados com a saúde. Gastam imenso dinheiro em médicos e remédios, mesmo quando não estão doentes. Para eles tudo -comida, sexo, trânsito, desporto- é um problema de saúde. Andam loucos com o corpinho. Depois morrem como toda a gente.
Quando não é papéis ou médicos, é sexo. A coisa que mais os cega é sexo. Aqui as mulheres deles andam quase nuas na rua (cuidado com as primas!!). Cega-os porque não o entendem. O sexo deles não é para ter filhos, mas para vender sabonetes. Não é para ter família e ser feliz, mas para trair, zangar, ter sarilhos. Chamam-lhe liberdade, claro!
Liberdade! Nem fazem ideia o que seja! Também não sabem o que é honra, respeito, dignidade. Escolhem os chefes (embora, como aí, os que mandam sejam sempre os mesmos), mas logo a seguir começam a dizer mal deles. Só querem a liberdade de criticar porque odeiam os chefes. Odeiam muito mais que nós. Nunca vi um povo odiar tanto. Quem diz pior do Ocidente são os jornais ocidentais (se ler o que dizem da China, farta-se de rir porque eles não sabem nada).
Descobri um truque que lhe pode ser muito útil: nas discussões com eles é fácil pô-los a gritar entre si. Quando criticarem a política do filho único, diga-lhes que têm menos os filhos que nós. Se acusarem a pena de morte, acuse a eutanásia e o aborto. Se falarem no Tibete pergunte-lhes pelo Iraque. É que eles além dos chefes, odeiam o sistema (dizem sempre que está "podre"), odeiam a vida, odeiam-se a si mesmos. Este povo adora dizer mal de si próprio. Chamam-lhe liberdade.
Saudades do primo Guo.